segunda-feira, 31 de maio de 2021

TEM UMA NUVEM SOBRE VOCE!

 



‘E isso ocorreu ao longo de todas as jornadas dos israelitas’ (Êxodo 40:38)

Existe um padrão que se repete na travessia pelo deserto.

Por 40 anos uma nuvem pairava sobre o acampamento israelita. Hora de parar a viagem. A nuvem se elevava. Hora de prosseguir a caminhada. Para eles, sinal inequívoco da condução do céu.

Naqueles dias Deus era percebido pela nuvem. Nuvem não era aceno de más notícias. Não se temia nada. Ela era companheira permanente.

Sabe aquele dia em que o céu está ausente delas, onde o azul é pleno? Ou ocasiões em que o azul desaparece e o teto fica coberto de densas formações? Nem uma coisa, nem outra era o cenário de então.

Lá estava ela, tão certa como o nascer do sol e a chegada da lua.

 Permanência.

Nossa vida é impermanente. A terra gira, giramos do mesmo modo. As coisas saem do lugar inesperadamente. Outras ocupam o vazio, e o vazio nem sempre se torna repleto.

 ‘Quem mexeu no meu queijo’?

Queijos são mexidos o tempo todo.

O que é bom é desejado. Nuvem pressupõem movimento.

 No acampamento israelita ela dava a ordem de partidas e chegadas. Nem sempre todos queriam partir. Imagine situações como um parto, uma convalescência, uma festa prestes a acontecer com data marcada, cansaço, peso dos anos.

Mas andar é preciso.

Mais uma etapa, mais um quilometro, um trecho adiante. O alvo era chegar na terra do leite e do mel. Por isso a vida muda tanto. Parar é como se despedir dela.

 Imobilidade anuncia desistências. Deus, porém, é movimento. Ele e a nuvem são aspectos diferentes da mesma essência.

 Importa não dar atenção ao desafio da mudança. Melhor é agradecer pela nuvem que nos acompanha. Nosso destino não é o deserto, a terra da promessa está logo à frente.

Caleb Mattos

sexta-feira, 28 de maio de 2021

VOCÊ ESTÁ CHIPADO!

 



‘Ele colocou um senso de eternidade no coração humano’(Eclesiastes 3:11)

O texto que você leu acima é uma reflexão sobre o tempo. Nele aparecem as palavras ‘tempo’, ‘momento’ e ‘eternidade’.

Cada uma destas medidas compõem o mosaico da experiencia humana: nascer e morrer; plantar e colher; matar e curar; derrubar e construir; chorar e rir; entristecer-se e dançar; espalhar e ajuntar; abraçar e afastar-se; procurar e deixar de buscar; guardar e descartar; rasgar e remendar; calar e falar, amar e odiar, guerra e paz.

O tempo é aquele decreto fixo determinado pelas horas e anos. Dizemos que o tempo não espera, ele é veloz e uma vez que passou nada mais resta a fazer.

Quanto ao momento, o chamamos de oportunidade. São aquelas visitas do instante em que algo extraordinário acontece e surpreende, trazendo alegria e abrindo o sorriso, instalando a festa. Nosso desejo é congelar esse visitante da boa nova para que ela não mais tenha fim.

Sobre a eternidade, porém, é preciso dizer que ela é a melhor medida e a mais importante. Porque eternidade é transcendência sobre o tempo e o instante. Receber a eternidade é ver tudo com os olhos da garantia de que não haverá mais luto, nem morte, nem pranto e nem dor. Tudo terá passado.

Deus instalou em nós esse chip da eternidade. Nós a percebemos quando paramos o que estamos fazendo para ver o por do sol. Aquela visão nos desliga de tudo e é como se fossemos levados ao céu, experimentando algo que vai além das repetidas preocupações diárias e das palavras de definição.

 Eternidade é a aquisição da consciência de que não fomos feitos para o limite, de que este mundo é pequeno diante daquele que é a nossa origem.

Não achei até hoje metáfora mais adequada do céu do que o útero materno. Um espaço de calor, segurança, providencia e acolhimento. A presença de Deus é como útero.

Aproveitar bem o tempo é fundamental.

Celebrar as oportunidades com alegria é não perder a mágica do inédito.

Mas viver a eternidade é encontrar em meio ao torvelinho aquele que acalma os ventos, que abre os olhos. Visão da beleza, plenitude da paz.

 Caleb Mattos

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Comida no prato e sorriso no rosto.

 



‘Ana começou a se alimentar novamente, e seu rosto já não estava triste’ (1 Samuel 1:18)

Ir ao templo pode ser feito com o coração alegre: ‘Entrai por suas portas com ações de graças’(Salmos 100).Ou pode ser pesaroso quando a alma está abalada.

Ana vai ao templo, mas é provocada todas as vezes porque Penina zomba dela. Bebês eram levados ao templo. Os de Penina estavam sempre a seu lado. Ana, porém, era estéril.

Voltava para casa e não comia. Suas lagrimas eram seu alimento. Um único tema ocupava suas preces: um filho. E na obsessão por ele, menos alegria, menos alimento, mais tristeza.

 A depressão é uma somatória das lagrimas e da falta de um sentido. Perde-se o apetite porque o sabor da vida fica amargo. Tudo é monotônico, repetido, o alfabeto se reduz a poucas letras, a conversa gira em torno da falta e o que existe não é causa de gratidão.

O marido de Ana tenta lembra-la do seu carinho, o afeto entre eles, o amor dedicado. Ana é incapaz de celebrar o que tem. Peso da zombaria das mulheres, boatos de que Deus fechou seu útero, o sacerdote acusando-a de embriaguez.

Na depressão a culpa acrescenta mais peso ao que já não se suporta. Deus, porém, a observa, a escuta, prepara o balsamo que se derramará sobre o odor do pranto acumulado. Eli pronuncia a benção: ‘Vá em paz, que o Deus de Israel lhe conceda o que você pediu’.

A mulher de aflições, pela primeira vez em meses de melancolia, diz: ‘obrigada!’ A gratidão é indicativa de que a depressão está arrefecendo. Ana substitui o silencio pela fala. As lagrimas pelo riso. O prato vazio pelo prato cheio. A libido retorna. Ana engravida. Nasce Samuel.

Tristeza que se vive sozinho é como labirinto. Melancolia vertida em oração é semente que se planta para o novo dia. Como havia prometido, Ana devolve o filho após desmama-lo.

Ele será o conselheiro de muitos reis de Israel e um sacerdote abençoado. Ela o devolve e em seu gesto fica a lição: depressão pode ser revertida quando transformamos uma obsessão em oferta. Doamos aquilo que julgávamos imprescindível á vida. E vivemos satisfeitos porque não somos mais dependentes de nada.

Caleb Mattos

terça-feira, 25 de maio de 2021

NÃO SE TRATA DE QUEM É VOCE

 


NÃO SE TRATA DE QUEM É VOCE.

‘Moises disse a Deus: ‘Quem sou eu para me apresentar ao faraó?’ Deus respondeu: ‘Eu estarei com você’. ‘Eu sou o que sou’ (Êxodo 3:11,14)

Uma pergunta formulada a respeito da existência.

 Quem somos?

O que nos define? Somos uma construção inacabada, uma obra incompleta?

Somos a somatória de valores e culturas?

Somos o que escolhemos?

Somos fruto do meio?

Somos reputação?

 Somos o que se vê ou aquilo que Deus escreveu no seu livro quando ainda no útero já determinara cada um de nossos dias?

Os dez espias amedrontados expressam: ‘somos gafanhotos diante dos gigantes’. Os dois espias retrucam: ‘Não! Eles são o pão que nós vamos devorar!’

 Egito. Dura servidão. Trabalho incessante e exaustivo em beneficio da gloria evanescente.

O soberano que subiu ao topo da pirâmide em breve sucumbiria nas profundezas do mar.

Moises, tirado das águas, por elas levaria o povo a pé enxuto até as areias que anunciavam o tempo de leite e mel.

Mas, ele diz: ‘Quem sou eu?’

Repetidos momentos ele tenta escapar. Diz que não sabe falar, se atrapalha com as palavras. Pede que outro vá no seu lugar.

O eco da insegurança ressoa: ‘Quem sou eu?’

Para essa questão só existe uma resposta: ‘Eu sou o que sou’.

Não se trata de Moises, mas de Deus.

Não são nossos limites, e sim o revestimento do alto.

Não é como eu falo, é quem fala em mim.

Não diz respeito à fraqueza inerente, mas ao poder que tudo opera.

Nas horas em que é grande o desejo de Jonas, onde o navio da fuga está prestes a zarpar, pare por um momento.

Cale a voz que treme como o frio que sopra forte em campo aberto.

 Esqueça o ‘quem sou eu?’

Abrace a compreensão espiritual que Paulo teve: ‘Pela graça de Deus eu sou o que sou’. A graça lembra que não sou eu, mas é Cristo que vive em mim’.

Caleb Mattos

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Você não é Atlas!

 



‘Os servidores do templo consertaram o muro até a Porta das Águas. Mais adiante, os habitantes de Tecoa consertaram outro trecho, desde a torre alta até o muro de Ofel’ (Neemias 3:26-27).

A reconstrução dos muros e da cidade de Jerusalém.

Época de Neemias e Esdras.

Autorizados pelo rei da Pérsia, estando antes em grande aflição por saber noticias da sua terra arrasada, queimada, desfigurada da beleza e furtada de suas memorias.

Ao chegarem conseguem adesão do povo e todos iniciam a obra, extensa e difícil, só possível se cada um juntasse forças a outro. O texto vai discorrendo na temática da elevação do muro. Cada grupo edifica uma parte dele.

O trecho seguinte é sempre retomado por outra família, outra equipe. Corrida de revezamento. Bastão passado de mão em mão até que tudo se conclua.

Não faltam dificuldades. Inimigos atacam, boatos correm, palavras dirigidas á tentativa de criar a pausa, a desistência, a interrupção. Neemias clama: ‘Senhor, fortalece as minhas mãos’. 

Palavras cabem, mas no momento adequado. Necessárias, mas nunca como substitutas da ação. Não se pede argumentos para refutar acusações. Que as mãos perseverem de trecho em trecho até que tudo se cumpra.

Grandes projetos não se fazem sozinhos. Andorinha só não faz verão.

 Afoitos, acreditamos que nossa responsabilidade é ser Atlas. Suportamos o peso do mundo e esquecemos que a terra gira por si mesma.

Um dia Moises, atendendo multidões de manhã á noite, ouviu do sogro a proposta: ‘Escolhe homens capazes que lhe ajudem nesta imensa tarefa, sozinho não suportarás’.

Em 52 dias, o muro que cercava a cidade toda, ficou pronto. Tempo recorde. Tão espantoso que as nações vizinhas ficaram assustadas e sentiram-se humilhadas porque perceberam que a obra havia sido realizada com a ajuda de Deus.

Não tente fazer tudo sozinho. Não se imagine salvador de pessoas e situações. Você faz uma parte do muro. A outra parte cabe ao próximo. A diferença em tudo é que Deus edifica junto. O Mestre de Obras coopera com aqueles que seguem seu projeto.

Caleb Mattos