O povo israelita desejou ser como
as outras nações. Estava cansado da teocracia por meio da qual recebia
diariamente instruções exatas, conselhos excelentes, correções necessárias e
providencia garantida. Imaginou na monarquia o mundo ideal onde o soberano
representava seus legítimos desejos e a vã ilusão de uma autonomia.
Samuel escuta do céu: ‘Não foi a
ti que rejeitaram, foi a mim’. Vieram os reis, instalou-se a queixa até o ponto
de ruptura. Norte e Sul, mais do que pontos cardeais, eram agora dois povos em
vez de um. Toda escolha inevitavelmente implica em uma rejeição.
De alimentos a vestuário, de
filmes a roteiros turísticos, estilo de vida e moradia, abrimos mão daquilo que
no julgamento ficou em desvantagem. O desejo israelita se mostrou prejudicial
em anos de história. Desejar é constituição do nosso psiquismo.
Lidamos com o desejo todos os
dias. Sabendo que a nossa inclinação não é voltada ao bem, carecemos mudar de
escolhas. É possível desistir de uma escolha após tê-la tomado. Isso se chama
arrependimento. O perdão, isto é, a possibilidade de voltar á fonte original e
optar pelas veredas da paz e da alegria, não é somente uma palavra, aliás,
necessária. É antes, o reexame constante na consciência, o peso na balança, tão
logo se perceba que o coração antes uno, se dividiu.
Caleb Mattos