sexta-feira, 5 de agosto de 2016

POKÉMON.



Quarta-feira, 10h35 da noite.
Enquanto atendíamos moradores de rua na praça central eu vejo um carro de luxo estacionar ali.

Dois marmanjos barbados saem dele com seu celular na mão.
Era o dia do lançamento no Brasil da caça aos pokémons.
Saíram entusiasmados, cada um de olho em seu aparelho, em voz alta, identificando ali naquela árvore um, no coreto, outro.

Eu fiquei pensando em silêncio algumas coisas.
Primeiro que ambos pareciam não notar mais ninguém ali, embora a praça estivesse relativamente cheia de pessoas que á noite fazem de tudo: usam drogas, vendem o corpo e marcam encontros.

O que existia era somente o virtual manifestado em um bichinho, acredito eu em minha ignorância, japonês.
Não ver o real, mas ver o virtual é mesmo a marca do nosso tempo. Pessoas são incapazes de ver o concreto, preferindo fugir para fantasias de um outro mundo, lúdico e cheio de diversão.
È o reavivamento da Alice no país das maravilhas.

Todo mundo entrando na toca do coelho para saber o que de misterioso existe ali.
Depois eu pensei em outro reavivamento: o do embrutecimento da mente. A mente das pessoas está dura como pedra, passam a amar o fútil, o inútil, o sem sentido algum. Estão anestesiadas para a vida, a realidade e para o ser.
Tenho a impressão que foram picadas por um inseto que as deixou inconscientes e inertes- parecem estar sendo controladas por algo que rouba-lhes a consciência e o coração.

Terceiro, peço a Deus que liberte este nosso mundo deste cativeiro mental, onde a Tecnologia Digital é o novo deus deste século que a cada dia rouba a alma de mais um e os mata com uma droga mil vezes pior que as químicas do narcotraficante.

E vi o contraste: pessoas de carne e osso, maltrapilhas e famintas na praça, querendo alguém para ouvi-las e dar-lhes um abraço, enquanto os dois caça-baboseiras, de olho na tela, procuravam o ser escondido nas arvores.
Este é o mundo que vivemos.
 
Mas é o mundo que Deus continua amando.
O mundo que ele quer salvar em Cristo.
E ama e quer salvar tanto os maltrapilhos da praça, como, principalmente, os dois que caçavam pokémons.
Caleb Mattos.

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