Minha cidade de Rio Claro-SP, onde nasci, é curiosamente
marcada por três categorias de cristãos.
O primeiro grupo se encaixa naquela descrição que Jesus faz
nos Evangelhos de ‘ovelhas sem pastor’. Elas estão aflitas e exaustas mas, não
necessariamente por não terem um pastor que delas cuide, e sim porque
escolheram viver sem pastores que as assistam, que as aconselhem e que delas
cuidem em suas dolorosas feridas.
Os argumentos alegados são múltiplos mas,
talvez o principal seja terem sido vítimas de abusadores que exploraram sua fé,
sua carteira, sua decência, sua simplicidade, tudo em proveito próprio e não
delas. Estas ovelhas sem pastor também são ovelhas sem igreja na medida em que
consideram genericamente que a parte é igual ao todo. Se um é assim, logo,
todos devem ser assim.
E infelizmente rejeitam o conselho bíblico de procurarem
um pastor sério, focado nas Escrituras e que as anuncie com fidelidade, que
seja homem de oração e comprometido com Jesus: ‘Obedeçam aos seus líderes e
submetam-se a autoridade deles. Eles cuidam de vocês como quem deve prestar
contas. Obedeçam-lhes, para que o trabalho deles seja uma alegria e não um
peso’. Hebreus 13:17.
O segundo grupo são as ‘ovelhas com pastor’, aquelas que
fazem parte aqui na minha cidade de um grupo privilegiado no campo pastoral: as
pessoas que amam seus pastores e que os ajudam nas suas tarefas de conduzir a
igreja ao desenvolvimento espiritual e á maturidade na fé. Feliz do pastor que
tem ovelhas assim porque ele sente que o seu trabalho tem dado frutos, tem
gerado transformações a partir do Reino, e que pode encontrar também refúgio e
abrigo nas próprias ovelhas que lhe estendem a mão e oram por ele quando em
fragilidade e cansaço.
Tenho, graças a Deus, não muitas, mas verdadeiras e
leais ovelhas assim em meu pastorado. Elas são para mim fundamentais e
instrumentos valiosos de Deus para que eu cumpra fielmente o ministério que
recebi do meu Senhor.
Finalmente, na mesma cidade onde moro existem as ‘ovelhas
com muitos pastores’. Com sinceridade e tristeza eu digo que essas são as que
mais me preocupam e me dão trabalho. Porque este tipo de ovelha não me
reconhece como ‘seu pastor’. Elas ouvem a todos os pastores da cidade, menos a
mim. Elas vão ao culto onde ministro, assistem as mensagens, mas não frutificam
na igreja local onde sou pastor. Suas opiniões são sempre vinculadas a ‘pastor
fulano’, ‘pastor sicrano’.
Elas chegam ao ponto de conferirem o que eu prego
com o que ouviram o pastor de quem de fato são ovelhas. Assim, não me escutam e
por não faze-lo não colaboram em nada com a igreja que pastoreio. Por uma
razão: seus corações e mentes estão fixos em outro pastores. E é impossível ser
ovelha de mais um pastor ao mesmo tempo. Eu oro por elas para que se decidam.
Para que escolham entre serem minhas ovelhas ou de uma vez por todas ovelhas do
fulano, ou do beltrano ou do sicrano.
Mas, esta é a cultura religiosa da minha cidade. Eu sei
disso porque nasci aqui e vivi aqui a maior parte do tempo. E do mesmo modo
como preciso da sabedoria de Deus para saber lidar com estas 3 categorias de
ovelhas, ultimamente, anda me interessando um 4º grupo, que é chamado por Jesus
de ‘as ovelhas que ainda não são do aprisco’.
Eu tenho trabalhado com elas
também. E creio, com uma vasta comprovação bíblica, que estas serão a principal
fonte de disseminação do Evangelho de Cristo na cidade aos que nela andam
perdidos e sem direção na vida.
Caleb Mattos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário