Eu não tenho o direito de entrar em sua vida sem convite.
Não sou um invasor, mas um pastor convicto de ter sido
chamado a cuidar de pessoas.
Não sou chamado para mostrar seus erros, que você conhece
muito bem. Sou chamado a convida-lo a refletir em Deus e abrir-se para Ele,
para que num relacionamento de afeto, permitir que Ele mostre a você o caminho
que deva seguir.
Meu chamado não é, também, para dizer o que você deve ler, o
que deve ouvir, o que assistir, o que vestir, comer ou beber, quem conhecer,
com quem conviver, nem com quem se casar. Não sou seu pai, seu guru, seu chefe,
seu comandante, nem seu ídolo. Sou um mentor que tão somente ensina o que Deus
diz e ora para que o Santo Espirito trabalhe suas escolhas.
Minha intenção não é ter você como parte da minha conquista
ministerial. Você não é a ‘minha’ ovelha, mas de Jesus. Não é fruto do meu
trabalho, mas do penoso trabalho de Cristo na cruz. Não posso amaldiçoar você
se um dia decidir que não quer mais ser mentoreado por mim, nem que eu seja
mais seu pastor.
Não posso lhe dar um sermão nesse momento, dizendo que você
está se perdendo, está se desviando da sã doutrina, que vai perder a minha ‘cobertura
espiritual’, que nada dará certo doravante. Não fui eu quem o salvou e por isso
não sou eu quem posso conduzi-lo até o fim na salvação porque Cristo somente é
o autor e o consumador da sua fé.
A igreja não é o meu negócio particular que deu certo e que
me levou ao sucesso. Ela é o povo de Deus do qual, inclusive eu, faço parte
integrante. Se eu também não for ovelha não tenho o direito de ser pastor
porque aprendi que apenas um é o Pastor. Estou na igreja por uma dupla
convicção: Deus me chamou para estar nela e o povo que confia em mim me
convidou para cuidar dele. Só isso.
No dia em que Deus achar que devo sair, ou
no momento em que o povo desejar, eu saio. Sem mágoas, nem ressentimentos. Vida
pastoral não tem estabilidade, assim como em nenhum lugar ou atividade humana
existe estabilidade.
Mas, se você quiser ser cuidado por mim como seu pastor, não
me crie problemas. Não reclame do que eu ensinar ou das minhas palavras dentro
do gabinete. Não saia por aí difamando, se queixando, protestando contra o meu
pastorado. Você está sob meu cuidado porque escolheu isso e não porque eu lhe
obriguei. Saiba que o fundamental para que Deus possa orientar você é submeter-se
a quem você acredita que é orientado por Ele.
Então, quando for necessário alguma
exortação, eu a darei. Quando precisar dizer algo mais difícil eu direi. Quando
for preciso direi que você está errado.
Mas sempre continuarei sendo amigo e amando a você como
aquele que Deus ama acima de tudo. Somos amigos e irmãos.
Estamos no mesmo
barco e do mesmo lado. Desejo que você cresça em todos os sentidos da vida e
alcance a tão sonhada maturidade emocional e espiritual. E se um dia isso
acontecer, e se você for capaz de recorrer a Cristo o tempo todo sem minha intervenção,
eu ficarei muito feliz e direi que meu trabalho valeu a pena.
Caleb Mattos.
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