sexta-feira, 11 de junho de 2021

O SOM DO SILENCIO.

 



‘O Senhor não estava no vento, nem no terremoto, nem no fogo. Depois, veio um suave sussurro, e uma voz disse: ‘O que você faz aqui, Elias?’ (1 Reis 19)

Manifestações da natureza. Vento, terremoto e fogo.

O Criador com sua palavra operou ‘ex-nihilo’ a cada um, uma vez que nada surge do nada. Mas sua voz fez o nada responder ‘sim’ e os seis dias foram povoados do tudo no meio do estagio vazio que permeava o cosmo.

Elias é profeta. Trabalho intenso e exigente em meio a reis que, ora são justiça, ora vileza.

Ameaçado de morte foge para o monte em meio ao nada. A pressão do contraditório extrai dele a fé, a certeza, a alegria. Pede a morte três vezes ao Deus que o fez. Resposta nenhuma.

Deus não ouve pedidos absurdos que são feitos em momentos instáveis.

Nova tentativa de escutar e ele se posta no pico do monte.

 Primeiro o vendaval faz as pedras se soltarem.  Deus não está nele porque se estivesse varreria Elias, o monte, e tudo que ali habitasse.

Agora um terremoto. Tudo é sacudido, remexido, abalado. Deus não está ali porque se estivesse tudo seria sugado para as entranhas da terra.

 Agora é o fogo que se apresenta. Deus, porém, também não se acha nele. Tudo seria reduzido a cinzas caso decidisse ser a chama que consome.

 O silencio é a sala de espera que antecipa a voz que a tudo acalma.

Ouve-se no monte um sussurro. Agora é Deus de verdade.

Tanta gente que padece sua realidade e corre atrás do barulho. No tumulto só terão vendavais, terremotos e incêndios. Estas coisas podem ser sedutoras, mas criam imaginário oco.

Deus está no sussurro. O profeta escuta, sai do monte e retoma sua vida. Não há mais medo, nem aflição.

Quando estiver pensando que nada mais resta, quando só se ocupar com a ameaça dos gritos ofensivos, quando o nível de polifonia for de muitos decibéis, busque a brisa leve. Ela sopra para aqueles que amam o som do silencio.

Caleb Mattos

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