‘O
Senhor não estava no vento, nem no terremoto, nem no fogo. Depois, veio um
suave sussurro, e uma voz disse: ‘O que você faz aqui, Elias?’ (1 Reis 19)
Manifestações
da natureza. Vento, terremoto e fogo.
O
Criador com sua palavra operou ‘ex-nihilo’ a cada um, uma vez que nada surge do
nada. Mas sua voz fez o nada responder ‘sim’ e os seis dias foram povoados do
tudo no meio do estagio vazio que permeava o cosmo.
Elias
é profeta. Trabalho intenso e exigente em meio a reis que, ora são justiça, ora
vileza.
Ameaçado
de morte foge para o monte em meio ao nada. A pressão do contraditório extrai
dele a fé, a certeza, a alegria. Pede a morte três vezes ao Deus que o fez.
Resposta nenhuma.
Deus
não ouve pedidos absurdos que são feitos em momentos instáveis.
Nova
tentativa de escutar e ele se posta no pico do monte.
Primeiro o vendaval faz as pedras se soltarem.
Deus não está nele porque se estivesse
varreria Elias, o monte, e tudo que ali habitasse.
Agora
um terremoto. Tudo é sacudido, remexido, abalado. Deus não está ali porque se
estivesse tudo seria sugado para as entranhas da terra.
Agora é o fogo que se apresenta. Deus, porém, também
não se acha nele. Tudo seria reduzido a cinzas caso decidisse ser a chama que
consome.
O silencio é a sala de espera que antecipa a
voz que a tudo acalma.
Ouve-se
no monte um sussurro. Agora é Deus de verdade.
Tanta
gente que padece sua realidade e corre atrás do barulho. No tumulto só terão vendavais,
terremotos e incêndios. Estas coisas podem ser sedutoras, mas criam imaginário oco.
Deus
está no sussurro. O profeta escuta, sai do monte e retoma sua vida. Não há mais
medo, nem aflição.
Quando
estiver pensando que nada mais resta, quando só se ocupar com a ameaça dos
gritos ofensivos, quando o nível de polifonia for de muitos decibéis, busque a
brisa leve. Ela sopra para aqueles que amam o som do silencio.
Caleb
Mattos
Nenhum comentário:
Postar um comentário