sexta-feira, 27 de junho de 2014

Mundo Polifônico.



             Lendo um dos livros do filósofo brasileiro Luiz Felipe Pondé encontrei uma palavra usada em larga escala na obra: polifonia. 
       O autor sugere que vivemos em um mundo dominado pela cultura polifônica. Diariamente recebemos tanta informação que ela chega a ser opressora, exigindo de nós uma postura, um comentário, opinião.
        Numa época dominada assim por tantas vozes que nos sufocam não sobra muito tempo para a solitude, a atitude saudável de ficar sozinho com seus próprios pensamentos e num retiro com Deus para ouvir sua voz. 
        Confesso que a polifonia já me atingiu e tem me feito mal. Porque ela não traz apenas a novidade da informação mas traz consigo sensações, emoções, ela vem anexada a historias de vida, a tragedias, a alegria, a risos mas também a dores. 
        E pela imensa quantidade desta polifonia a que me sujeito diariamente dentro da minha ocupação eu me sinto ás vezes distante do meu verdadeiro eu. Me apanho percebendo em mim um outro Caleb que distoa daquele que me conheço.
        A polifonia me envolve de tal maneira que ela me faz sugestões nem sempre aceitáveis e dignas, ela é tão maciça e intensa, e tão repetida, que eu preciso cuidar para não deixar que me controle. 
         No mundo polifônico muitos já sucumbiram, vencidos literalmente pelo cansaço de ficarem expostos a exigências, cobranças, propostas, coisas que nem sempre se deseja mas que tem como reforçador o argumento da repetição infindável.               Começo a querer, a sentir dentro de mim um desejo pelo silencio e pela reclusão. Uma vontade de promover mini-retiros com Deus no meio do silencio.
         Há onde eu moro um ambiente próprio para essa prática, no qual eu já estive fazendo isso varias vezes, uma floresta tombada pelo Estado. È lá que eu promovo meus mini-retiros. 
       Faz tempo que não vou até lá com essa finalidade. Hoje me deu vontade de voltar. Acredito que o bom Espirito venceu a barreira da polifonia instalada em mim para me convidar amavelmente para este retorno. 
        E eu vou sem demora para lá. Quero de novo me encontrar, comigo mesmo, com meu Deus, recuperar a saudável capacidade de ficar quieto, silenciar e ouvir apenas o que é necessário, aquela brisa suave que me comunica o caminho a seguir, que me sustenta nas lutas e me apóia em meio a tanto barulho que tenho de suportar.

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