sexta-feira, 6 de novembro de 2015
A morte é a privação da sensibilidade.
'Habitua-te a pensar que a morte nada é para nós, visto que todo o mal e todo o bem se encontram na sensibilidade: e a morte é a privação da sensibilidade' (Epicuro).
Confesso que fiquei encantado com este texto de Epicuro que resume a morte a uma privação da sensibilidade. Mas a leitura que eu fiz do texto não foi da morte como a ultima etapa da vida consciente. Mas da morte como a perda total da sensibilidade.
Ao ler a máxima eu me lembrei da parabola que Jesus conta do homem que ficou louco porque acumulou toda sua fortuna e disse para a sua própria alma: 'tens muita coisa em depósito para muitos anos, então, descansa e regala-te'.
A sua loucura foi pensar numa extensão da vida que ele podia controlar tão somente em razão da fortuna que duraria anos. E sua alcunha de 'louco' lhe é própria porque a loucura nada mais é do que a perda da sensibilidade.
Fica-se louco quando se perde a noção de que a realidade é a mentira que contamos a nós mesmos e persistimos em crer nela, ainda que desprovida de qualquer fundamento lógico. O rico cria no engodo de que seu dinheiro é que lhe garantiria a vida. E crendo nesta falsa premissa, enlouquece.
Fica-se louco também quando se elimina por completo a sensibilidade dos sentimentos ao outro. Passa-se a creditar a ele o pior, o mais indigno, recheando tudo isso de mentiras e falta de provas. Crendo-se também nestas mentiras inventadas e repetidas dia a dia a si propria inventa-se uma nova 'verdade'. Mas tal arremedo de 'verdade' é o conjunto acumulado de mentiras feitas para desamar, destruir, afastar, prejudicar.
Assim, as pessoas não morrem apenas quando o ultimo suspiro é dado no leito. Elas morrem em perfeito estado de saúde, enlouquecidas pelo ódio, pela rejeição, pelo desejo incontido de vingança.
Morre-se de ódio, sim, mas uma morte na alma, no sentimento, na intimidade do ser.
Não sem motivo o salmista adverte a mim e a voce:
'Deixa a ira, abandona o furor, não perca a paciencia, porque isso acabará mal'.
Não deixe sua sensibilidade morrer.
Ela pode leva-lo a sepultura relacional antes do seu ultimo momento sobre a face da terra.
Caleb Mattos.
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