Há tempos o sociólogo polonês Zygmunt Bauman vem alertando
para os efeitos da globalização e da sociedade de hiper-consumo. Segundo ele,
todos os valores da era chamada ‘moderna’
se diluíram a tal ponto que hoje vivemos numa sociedade ‘liquida’,
impermanente, insegura e incontrolável.
O dia de ontem, sexta-feira 13 de 2015 foi realmente a noite
do medo e do horror em Paris com atentados em vários pontos da capital deixando
mais de 100 mortos. Enquanto se tenta entender a razão de tudo isso, que parece
não ter nenhuma ideologia por trás a não ser a violência pela violência, nos
perguntamos para onde estamos caminhando.
Paris, Síria, Espanha, Afeganistão, Alemanha, tanto faz.
Não há lugar seguro na terra. E a razão é que o ser humano
em sua gênese é um ser em queda, expulso do que era Paraiso e tendo que lidar
com a delicada arte da convivência social. Bastou Adão e Eva deixarem o Èden
que acontece o assassinato de Abel por seu irmão Caim.
Na incompetência de conseguir viver ou
dialogar, muitos tomados pelo pavor, se encastelam em seus núcleos fechados ao
qual damos o nome de ‘condominios’.
Mas inevitavelmente temos que sair ás ruas e ir a lugares públicos.
E quando saímos ficamos expostos a todos e a qualquer um que tenha na mente a
idéia de que o ‘mal são os outros’. Eu não sou um pessimista, até por ser cristão,
mas um realista. Acredito que vulnerabilidade, daqui para a frente, será a
palavra que melhor definirá a nossa vida cotidiana.
Não, não estamos protegidos por equivocadas hermenêuticas da
Biblia de que ‘praga nenhuma chegará á tua tenda’, por mais que os ilusionistas
de púlpito nos forcem a acreditar nisso. Eu acho que é melhor viver na
realidade nua e crua do que crer em fantasias só para acalmar a ansiedade por
algumas horas.
O que temos de Deus é a garantia de que nos está preparando
um lugar onde ‘ a morte já não existirá, em que não haverá mais tristeza,
lagrima, luto, pranto, nem dor’. È para lá que os cristãos autenticados pela fé
somente firmada em Cristo caminham. Eles se sabem peregrinos e estrangeiros
neste mundo.
Sabem no dizer de Paulo que ‘somos como ovelhas levadas ao
matadouro’, mas, apesar disso, ‘somos mais que vencedores por meio daquele
que nos amou’.
Enquanto isso oremos por Paris, por outras nações e pelos
familiares que hoje choram.
È o que podemos fazer.
Mas, além disso, temos que promover a paz onde vivemos
segundo Jesus. Promover a paz em nossos núcleos mais próximos, falar de paz, de
convívio harmonioso, de tolerância, de solidariedade, de conciliação, do amor
de Deus.
Isso parece uma gota no oceano de violência que nos cerca mas eu e você
sabemos que são pequenos movimentos que promovem grandes mudanças. Pode ser até
que demore, mas um dia a semente nasce e
com ela os frutos da justiça e da paz que agradam a Deus.
Caleb Mattos.
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