sexta-feira, 11 de maio de 2018

O operador do holofote.



Sua tarefa era tão simples quanto anônima.

Segurar e ajustar o foco do holofote para que pessoas importantes recebessem o destaque adequado. Vestia-se de maneira simples até porque permanecia na sombra do palco o tempo todo e nunca era notado.

Mas sua tarefa era das mais essenciais para o sucesso do evento. Sem ele e seu trabalho a luz não incidiria sobre a chegada da celebridade, nem permitiria o som de aplausos no final.

 Findo o evento em que todos se acotovelavam para a selfie com a estrela do palco, o operador do holofote guardava suas ferramentas de trabalho na bolsa e saía do teatro tão discreto e desconhecido como sempre.

Às vezes as pessoas lhe perguntavam se ele era a luz da noite. Satisfeito com seu trabalho relevante ele respondia que apenas direcionava o foco para o verdadeiro astro. E o tempo passou.
O operador de holofote já não podia mais trabalhar pois lhe faltava a força necessária para a tarefa. Em sua casa, reunido á sua família, vivia das lembranças dos grandes espetáculos. Mas um dia ele recebeu uma homenagem eternizada no livro. Escreveram sobre ele, o anônimo.

Registraram pela primeira vez seu nome, João. E o autor do livro fez questão de destacar que sem o operador do holofote ele jamais teria atingido tudo o que tinha planejado. Sua fama mundial só foi possível graças ao João que permitia que a luz brilhasse sobre a sua atuação.

João não morreu de velhice, mas essa é outra parte da história. Mas ele permanece como paradigma de todo aquele que no anonimato colabora para fazer da Estrela da Manhã a pessoa mais conhecida e amada deste mundo.
Caleb Mattos.

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