Sua tarefa era tão simples quanto anônima.
Segurar e ajustar o foco do holofote para que pessoas
importantes recebessem o destaque adequado. Vestia-se de maneira simples até
porque permanecia na sombra do palco o tempo todo e nunca era notado.
Mas sua tarefa era das mais essenciais para o sucesso do evento.
Sem ele e seu trabalho a luz não incidiria sobre a chegada da celebridade, nem
permitiria o som de aplausos no final.
Findo o evento em que
todos se acotovelavam para a selfie com a estrela do palco, o operador do
holofote guardava suas ferramentas de trabalho na bolsa e saía do teatro tão discreto
e desconhecido como sempre.
Às vezes as pessoas lhe perguntavam se ele era a luz da
noite. Satisfeito com seu trabalho relevante ele respondia que apenas
direcionava o foco para o verdadeiro astro. E o tempo passou.
O operador de holofote já não podia mais trabalhar pois lhe
faltava a força necessária para a tarefa. Em sua casa, reunido á sua família,
vivia das lembranças dos grandes espetáculos. Mas um dia ele recebeu uma
homenagem eternizada no livro. Escreveram sobre ele, o anônimo.
Registraram pela primeira vez seu nome, João. E o autor do
livro fez questão de destacar que sem o operador do holofote ele jamais teria
atingido tudo o que tinha planejado. Sua fama mundial só foi possível graças ao
João que permitia que a luz brilhasse sobre a sua atuação.
João não morreu de velhice, mas essa é outra parte da história.
Mas ele permanece como paradigma de todo aquele que no anonimato colabora para
fazer da Estrela da Manhã a pessoa mais conhecida e amada deste mundo.
Caleb Mattos.
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