No mito de Édipo, numa de suas etapas de tornar-se
plenamente ele mesmo precisa enfrentar a Esfinge, que é um tetramorfo com pés
de touro, corpo de leão, asas de águia e rosto de homem. Curiosamente o tetramorfo
aparece também nos 4 Evangelhos do Novo Testamento.
O homem representa o evangelista Lucas e aponta para a
humanidade de Cristo. O touro representa o evangelista Marcos porque nos seus
escritos há demonstrações evidentes de poder, exorcismos e curas em Jesus que
se tornou servo entre os homens. Mateus está representado pelo leão porque fala
muito do Reino de Deus e do seu domínio na terra. E João representa a águia,
falando basicamente da eternidade-divindade de Jesus, reconhecido como ‘filho
de Deus’.
Juntando os 4 simbolismos dos Evangelhos temos a percepção simbólica
de que como Jesus precisamos crescer até atingir a plena consciência de nossa
realidade humana: a razão, o sentimento, a transcendência, e a imanência. Porque o enigma da Esfinge é este: ‘qual o
animal que pela manhã tem quatro pernas, ao meio-dia tem duas e no entardecer
tem três?’
Édipo responde que é o homem que na infância engatinha, como
adulto se apoia em suas pernas e na velhice recorre a um cajado para se apoiar.
O desafio da existência é assumir a própria condição humana sem transferências ou
dependências exteriores, buscando no cultivo do autorrecolhimento a descoberta
do bem-estar, sublimando muitas vezes nossas pulsões mais primitivas em prol de
outras realidades mais permanentes.
Porque se o monstro estava pronto a devorar Édipo, um ser
superior em força diante de um simples mortal, este mortal agora vence o tetramorfo
que se atira do penhasco. Quando se desvenda os mistérios que nos apavoram, os
monstros de nossa psique somem porque passamos a domina-los na consciência de
que eles eram representações simbólicas que apavoravam a criança que em nós
ainda persiste.
E se ela não nos deixa jamais ao longo da vida é preciso protege-la
tornando-se dela pai e mãe, como homem ( ou mulher ) responsável pela transmissão
da segurança da emoção. Se, afinal, o
enigma é a própria condição de ser humano, nada melhor do que amar o humano que
habita em nossa condição.
Jesus se fez ser humano, deixando a gloria do Céu para amar
o ser humano e levanta-lo á condição superior. Quem recusa sua humanidade se
torna presa permanente dos monstros e dos enigmas que atormentam. ‘Decifra-me
ou devoro-te’. Qual será a sua opção?
Caleb Mattos.
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