quinta-feira, 17 de maio de 2018

Você já enfrentou seu monstro?



No mito de Édipo, numa de suas etapas de tornar-se plenamente ele mesmo precisa enfrentar a Esfinge, que é um tetramorfo com pés de touro, corpo de leão, asas de águia e rosto de homem. Curiosamente o tetramorfo aparece também nos 4 Evangelhos do Novo Testamento.

O homem representa o evangelista Lucas e aponta para a humanidade de Cristo. O touro representa o evangelista Marcos porque nos seus escritos há demonstrações evidentes de poder, exorcismos e curas em Jesus que se tornou servo entre os homens. Mateus está representado pelo leão porque fala muito do Reino de Deus e do seu domínio na terra. E João representa a águia, falando basicamente da eternidade-divindade de Jesus, reconhecido como ‘filho de Deus’.

Juntando os 4 simbolismos dos Evangelhos temos a percepção simbólica de que como Jesus precisamos crescer até atingir a plena consciência de nossa realidade humana: a razão, o sentimento, a transcendência, e a imanência.  Porque o enigma da Esfinge é este: ‘qual o animal que pela manhã tem quatro pernas, ao meio-dia tem duas e no entardecer tem três?’

Édipo responde que é o homem que na infância engatinha, como adulto se apoia em suas pernas e na velhice recorre a um cajado para se apoiar. O desafio da existência é assumir a própria condição humana sem transferências ou dependências exteriores, buscando no cultivo do autorrecolhimento a descoberta do bem-estar, sublimando muitas vezes nossas pulsões mais primitivas em prol de outras realidades mais permanentes.

Porque se o monstro estava pronto a devorar Édipo, um ser superior em força diante de um simples mortal, este mortal agora vence o tetramorfo que se atira do penhasco. Quando se desvenda os mistérios que nos apavoram, os monstros de nossa psique somem porque passamos a domina-los na consciência de que eles eram representações simbólicas que apavoravam a criança que em nós ainda persiste.

E se ela não nos deixa jamais ao longo da vida é preciso protege-la tornando-se dela pai e mãe, como homem ( ou mulher ) responsável pela transmissão da segurança da emoção.  Se, afinal, o enigma é a própria condição de ser humano, nada melhor do que amar o humano que habita em nossa condição.

Jesus se fez ser humano, deixando a gloria do Céu para amar o ser humano e levanta-lo á condição superior. Quem recusa sua humanidade se torna presa permanente dos monstros e dos enigmas que atormentam. ‘Decifra-me ou devoro-te’. Qual será a sua opção?
Caleb Mattos.

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