Para mim a maior tentação que Jesus sofreu não foi a de
saciar a sua fome, transformando pedras em pão. Ele já estava quarenta dias sem
comer nada, em meio ao deserto onde ausência é o que melhor define tudo. Também
não foi a tentação do orgulho, de se jogar do alto do templo para ser apanhado
nas mãos pelos anjos, num tipo de espetáculo midiático que poderia torna-lo uma
celebridade da noite para o dia. Também não acho que a sua maior tentação tenha
sido a proposta de governar politica e economicamente os reinos do mundo, com
todas as benesses próprias dessa posição.
Acredito que o verdadeiro espirito da tentação foi a
pergunta do diabo feita a ele por três vezes: ‘Tu és o Filho de Deus?’ Se Jesus
não soubesse quem de fato ele era seria fácil aceitar não uma, mas todas as três
tentações. Porque se eu não sei para onde vou, qualquer caminho serve. Se não
sei quem eu sou, qualquer escolha me define.
O ‘não’ de Jesus foi possível porque, tendo definido sua própria
identidade e valores, optou o que abraçaria e o que desprezaria. Grande parte
das pessoas faz o que não deve fazer nos mais diferentes setores de atuação por
estarem ainda indefinidas para si mesmas. Não escolheram quem são e o que acreditam,
são mais parecidas com a cultura do ‘amolda-te’ do que á cultura do ‘conhece-te’.
Por isso tanto sofrimento e adoecimento da alma. Por mudarem
seus conceitos e valores o tempo todo são instáveis e levadas facilmente por
qualquer nova ideia que apareça e que lhes soe como revolucionária, prometendo
um caminho mais fácil de viver. Caem facilmente nas tentações porque adotaram o
lema: ‘Carpe Diem’ como sinônimo de dizer ‘sim’ a tudo.
Quem nunca escolhe nada engole a tudo. É como nutrição descontrolada.
Se não existe uma dieta orientada o corpo padece com tantos excessos. Jesus
sabia muito bem quem ele era, e para que ele tinha vindo ao mundo. Cumpriu com
fidelidade o propósito da sua vida. Você é assim?
Caleb Mattos
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