terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

TEOLOGIA E FILOSOFIA.



Há quem diga que num passado remoto as duas andaram de mãos dadas. Parece que hoje também, pelo menos numa via de mais aproximação, basta ler o livro ‘Crer ou não crer’ escrito a duas mãos pelo padre Fabio de Melo e o filósofo Leandro Karnal.

Mas do ponto de vista clássico os objetos de uma e outra são distintos. Luc Ferry diz que a Teologia busca salvar, enquanto a Filosofia busca libertar. Se em algum momento a Filosofia usar o termo ‘salvação’ é apenas no sentido de conceder ao ser humano o autoconhecimento, o meio pelo qual ele pode combater não o pecado em si, mas o desconhecimento de si.

O filósofo acaba duvidando que as respostas religiosas bastem. A crença em um Deus pode servir de consolo, mas nos faz perder lucidez. Desta maneira não precisamos de um outro salvador, no caso cristão, Cristo, mas nós mesmos podemos nos ‘salvar’ pelo autoconhecimento.

O mundo do pensamento é de fato maravilhoso e instiga em nós a pesquisa, desejo de ir além do senso comum. A Filosofia ajuda a pensar, a duvidar, a questionar, e a realmente nos conhecer. Sua irmã, a Psicologia tem semelhante viés. Mas, quando se trata da Teologia se parte do pressuposto de que o ser humano está perdido.

E isso até a Filosofia admite. Ele tem medo da morte, a certeza inegável de todos. Para lidar com o medo ele carece de um salvador. Mas é aí que começam as diferenças entre uma ciência e outra. A Teologia vê o homem morto, não apenas ignorante. Ela afirma que nos separamos de Deus e fora dele não há vida.

Por ser ele o criador de tudo, a criação clama por sua presença como o cãozinho clama por seu dono quando este chega em casa. Saudade. Nossa alma tem saudade de Deus. E eu, particularmente, acredito que esse dilema se resolve fora de nós.

 Muito tempo atrás Kafka, um autor tcheco, publicou um livro chamado ‘A Metamorfose’. Um homem acorda um dia transformado em inseto. A fábula tem a intenção de revelar o pensamento do autor sobre si e sobre seres humanos, como se enxergam, como se relacionam, como vivem. A obra remove as máscaras usadas para dar aos outros uma aparência melhor do que de fato somos. Uma barata. Nada mais asqueroso.

Eu diria que a Filosofia ajuda a barata a ver que ela é útil ao mundo. A Teologia irá proceder a verdadeira metamorfose, via amor de Cristo: nos transformar em seres humanos, criados á imagem e semelhança de Deus e salvos da nossa mania de desprezo e de rejeição.

Caleb Mattos.

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