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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021
sábado, 25 de dezembro de 2021
quarta-feira, 15 de dezembro de 2021
segunda-feira, 5 de julho de 2021
CLARIDADE
Por volta do ano 2000 AC os
faraós do Egito se depararam com um grande problema. A cada vitória militar
capturavam mais escravos de outras nações. Mas como dar ordens escritas a esses
escravos se eles não sabiam ler os complicados hieróglifos?
Somente no ano de 1799 se
conseguiu traduzir essa linguagem tão difícil graças ao descobrimento da Pedra
de Roseta. Da complexa linguagem egípcia é que temos hoje nosso alfabeto.
As vezes não conseguimos
interpretar certas coisas que acontecem. A linguagem é estranha e diferente do
que já sabemos. Tentamos seguir o que pensamos compreender, mas caímos em equívocos
variados.
Quem pode nos ajudar?
João no seu Evangelho diz: ‘No
principio era a Palavra, a palavra estava com Deus e a palavra era Deus’. A
palavra expressa a ideia, mas ela também cria o que depois a linguagem define.
Nascemos neste mundo e nem sempre sabemos como é que funcionamos.
Jesus que estava no começo da criação
conhece a todos pelo nome. Ele pode nos
ajudar naquelas horas em que não sabemos como agir, para onde ir e o que fazer.
Com ele ao nosso lado tudo o que antes era mistério agora é claridade.
Caleb Mattos
segunda-feira, 14 de junho de 2021
VENTOU, VENTEI!
‘O
vento sopra onde quer. Assim como você ouve o vento, mas não é capaz de dizer
de onde ele vem nem para onde vai, também é incapaz de explicar como as pessoas
nascem do Espirito’(João 3:8)
O
desejo do vento nunca é frustrado. Se pauta pela autorregulamentação soberana e
não se limita a nada.
Nem
a definições, nem a dogmas, nem a crenças subjetivas. Atropela expectativas, ri
das previsões humanas, observa atento o que se passa em todo o planeta. O vento
assume direção autônoma e submete a todos.
Regidos
por ele notamos cedo ou tarde que lhe oferecer resistência é garantia de risco.
Desde planos de vôo até cruzeiros no mar sabem disso por experiencia. Tudo se
dobra a ele pois sua passagem é certa.
Do
vento ouvimos o som, mas jamais poderemos dizer a ele como fazer o seu percurso.
Ele varre as folhas, movimenta as nuvens, assobia e gira. Marca sua presença
todos os dias e garante alternância de estações, trazendo as chuvas e limpando
o céu.
O
vento leva o que se foi e traz o que será. Apaga o que foi escrito na areia e
produz a energia que abastece as moradas.
Os
gregos o chamavam de ‘pneuma’. O ar em movimento. O hálito que mantem a vida,
aquele que sustenta o folego. Nele vivemos, nos movemos e existimos. O
Espirito. A centelha que nos recria, Deus presente em nós.
Caleb
Mattos
sexta-feira, 11 de junho de 2021
O SOM DO SILENCIO.
‘O
Senhor não estava no vento, nem no terremoto, nem no fogo. Depois, veio um
suave sussurro, e uma voz disse: ‘O que você faz aqui, Elias?’ (1 Reis 19)
Manifestações
da natureza. Vento, terremoto e fogo.
O
Criador com sua palavra operou ‘ex-nihilo’ a cada um, uma vez que nada surge do
nada. Mas sua voz fez o nada responder ‘sim’ e os seis dias foram povoados do
tudo no meio do estagio vazio que permeava o cosmo.
Elias
é profeta. Trabalho intenso e exigente em meio a reis que, ora são justiça, ora
vileza.
Ameaçado
de morte foge para o monte em meio ao nada. A pressão do contraditório extrai
dele a fé, a certeza, a alegria. Pede a morte três vezes ao Deus que o fez.
Resposta nenhuma.
Deus
não ouve pedidos absurdos que são feitos em momentos instáveis.
Nova
tentativa de escutar e ele se posta no pico do monte.
Primeiro o vendaval faz as pedras se soltarem.
Deus não está nele porque se estivesse
varreria Elias, o monte, e tudo que ali habitasse.
Agora
um terremoto. Tudo é sacudido, remexido, abalado. Deus não está ali porque se
estivesse tudo seria sugado para as entranhas da terra.
Agora é o fogo que se apresenta. Deus, porém, também
não se acha nele. Tudo seria reduzido a cinzas caso decidisse ser a chama que
consome.
O silencio é a sala de espera que antecipa a
voz que a tudo acalma.
Ouve-se
no monte um sussurro. Agora é Deus de verdade.
Tanta
gente que padece sua realidade e corre atrás do barulho. No tumulto só terão vendavais,
terremotos e incêndios. Estas coisas podem ser sedutoras, mas criam imaginário oco.
Deus
está no sussurro. O profeta escuta, sai do monte e retoma sua vida. Não há mais
medo, nem aflição.
Quando
estiver pensando que nada mais resta, quando só se ocupar com a ameaça dos
gritos ofensivos, quando o nível de polifonia for de muitos decibéis, busque a
brisa leve. Ela sopra para aqueles que amam o som do silencio.
Caleb
Mattos
segunda-feira, 7 de junho de 2021
O ABRAÇO DA ALMA.
‘Ainda
que dizes que não o vês, a tua causa está diante dele; por isso, espera nele’ (Jó
35:14).
Ver
ou ser visto?
No campo da ciência a prerrogativa é o primeiro
verbo. Tudo é constatado pela razoabilidade e existem meios de comprovação mediante
analise. O olhar aguçado do observador submete tudo a teses, antíteses e sínteses.
O produto obtido recebe certificado, carimbo, garantia de eficácia comprovada.
O
campo da fé utiliza o segundo verbo. Somos fruto do design inteligente, mas a
finalidade da existência não é nos submeter ao microscópio, nem avaliar a resistência
dos materiais que compõem a nossa estrutura. O projeto que saiu da planilha da
eternidade não se destina a fazer de nós commodities que rendam muito no mercado de ações.
A vida é um fim em si mesmo. Não é pautada
pelo quanto se vale, mas pelo objetivo do que veio a ser.
Queremos
ter certeza de que somos vistos e ouvidos. Tomé padecia do mal comum da condição
humana. Mas felizes são os que não viram e creram.
A
confiança traz o sossego que se ampara em ser visto. Nossa causa está diante
dele. Orações são as listas que organizam o trabalho diário do céu. Nenhum caso
ali é arquivado sem solução.
Não
imagine que sua lista está embaixo de um volume incontável de outras mais
antigas. Não faltam no gabinete de Deus funcionários em tempo integral. É só
esperar nele.
Não procure motivos para crer. Você não encontrará
nenhum. Crer é ir além das evidencias mensuráveis. É o abraço afetivo da alma
com quem ela mais ama.
Caleb
Mattos
quinta-feira, 3 de junho de 2021
SINTO FALTA DE BOAS NOTICIAS.
O
ano era 490 antes de Cristo.
A
épica batalha dos espartanos e atenienses contra os persas estava em seus dias
mais acirrados.
Um
dos soldados de nome Fidípides foi
enviado para buscar ajuda em Esparta para aumentar o numero do exercito grego. Correu
muito para ter tempo de batalhar contra o inimigo. Os gregos venceram e
celebravam.
Fidipedes então corre de volta para Atenas a
fim de avisar a cidade que tudo havia terminado e que eles haviam vencido. Corre
rápido para comunicar a mensagem, consegue anuncia-la e cai morto vitimado pela
exaustão.
Ele
era portador de boas notícias em meio ao medo de uma nação em suspense sobre o
desfecho da batalha.
O
texto acima diz que ‘são belos os pés dos mensageiros que trazem boas-novas’. Nosso País precisa de gente assim. Que seja portador
de mensagem de paz porque o conflito vilipendia o valor do que pensa diferente,
que teve formação distinta da nossa e que através de caminhos que nem sempre
trilhamos se tornou quem é.
Mensageiros
que carregam notícias relevantes que ajudam a construir o digno e o sublime
diante da banalidade nossa de cada dia.
Mensageiros
não tem lado, nem ideologia. Foram convocados pelo Deus que se fez carne a
declarar que somente em Cristo se encontra a verdade, o caminho mais saudável e
a vida que tem a impressão da perenidade.
Ele nos chamou com a tarefa de anunciar que
nele tudo subsiste, que ele é o supremo sobre toda a criação, existe antes das
coisas e mantem tudo em harmonia, e diante dele se dobrará todo joelho no céu,
na terra e debaixo da terra.
John Stott comenta que, quando uma sala está
escura não adianta culparmos a escuridão. A pergunta a ser feita é: ‘onde está
a luz?’
Uma
única lâmpada clareia um ambiente restrito. Muitas delas acesas iluminam uma
cidade. Fidipedes gritou em Atenas: «nenikekamen!» Vencemos! Se a boca fala do
que está cheio o coração, seja o coração cheio da fala que faz bem.
Caleb
Mattos
terça-feira, 1 de junho de 2021
PARA QUEM VOCÊ ORA?
‘Percebendo o entusiasmo do povo, Arão construiu um altar diante do bezerro’(Êxodo 32:5)
A
religião de nossos dias se pauta pela regra do mercado.
É
preciso satisfazer a exigência, atender o prazo, cumprir a meta, sob o risco do
deus que se venera ser trocado por outro que tenha marketing mais favorável.
Brasileiro
é povo mestiço. Disso vem nossa riqueza cultural, nossa música, nossa arte,
nossa afetividade calorosa, nosso acolhimento e a intensa e necessária criatividade
que ajuda a lidar com a vida.
Mas
o brasileiro é também sincrético. Capaz de ir do terreiro á missa, da missa ao
culto e do culto aos milagreiros, tão rapidamente quanto demorar para ser
atendido.
Enquanto
eu guiava meu carro certo dia vi á minha frente outro veículo. Uma fita vermelha
pendurada no para-choque se arrastava pelo asfalto. Um versículo da Bíblia
colado no vidro traseiro. No retrovisor interno fitas em grande número dedicadas
ao senhor do Bomfim, entrelaçadas por uma figa.
Será
que temos sangue israelita?
Moises está no Sinai recebendo a Lei. Ele
demora. O povo se impacienta. Acham uma solução rápida para sua intolerância ao
tempo: ‘Vamos fazer um deus e adora-lo’.
Juntam todo o ouro que tem, o derretem e
constroem um bezerro. Saíram do Egito onde havia a pratica da taurobolia. O Egito,
porém, não saiu deles.
Arão,
líder como Moises vê o entusiasmo do povo e edifica um altar para o novo deus.
A palavra entusiasmo na língua grega significa ‘ter um deus dentro de si’.
Aprendi que eu não posso conhecer o único Deus
a não ser que ele se revele a mim, como o fez na encarnação de Jesus: ‘Vimos a
sua gloria como a do Pai’.
Fora
isso criamos imagens mentais sobre ele. Achamos já saber o que ele dirá, o que
fará e como agirá. Ele nos diz: “Meus pensamentos são muito diferentes dos
seus”, diz o Senhor, “e meus caminhos vão muito além de seus caminhos. Pois,
assim como os céus são mais altos que a terra, meus caminhos são mais altos que
seus caminhos, e meus pensamentos, mais altos que seus pensamentos” (Livro de
Isaias).
Muita
gente se frustra quando busca e não alcança, quando pede e não recebe. Avaliação
que se faz necessária é se estamos falando com nosso deus mental ou com o Único.
Nosso deus mental nos frustra, decepciona, falha e não ouve.
O
Único, que é abscôndito, sem imagem nem semelhança humana, puro espirito, eterno,
transcendente, invisível, mas presente, está com os ouvidos atentos e com as mãos
estendidas. Jogue fora seu deus inventado. Fale com aquele que verdadeiramente
é Deus.
Caleb
Mattos
segunda-feira, 31 de maio de 2021
TEM UMA NUVEM SOBRE VOCE!
‘E
isso ocorreu ao longo de todas as jornadas dos israelitas’ (Êxodo 40:38)
Existe
um padrão que se repete na travessia pelo deserto.
Por
40 anos uma nuvem pairava sobre o acampamento israelita. Hora de parar a
viagem. A nuvem se elevava. Hora de prosseguir a caminhada. Para eles, sinal inequívoco
da condução do céu.
Naqueles
dias Deus era percebido pela nuvem. Nuvem não era aceno de más notícias. Não se
temia nada. Ela era companheira permanente.
Sabe
aquele dia em que o céu está ausente delas, onde o azul é pleno? Ou ocasiões em
que o azul desaparece e o teto fica coberto de densas formações? Nem uma coisa,
nem outra era o cenário de então.
Lá
estava ela, tão certa como o nascer do sol e a chegada da lua.
Permanência.
Nossa
vida é impermanente. A terra gira, giramos do mesmo modo. As coisas saem do
lugar inesperadamente. Outras ocupam o vazio, e o vazio nem sempre se torna repleto.
‘Quem mexeu no meu queijo’?
Queijos
são mexidos o tempo todo.
O
que é bom é desejado. Nuvem pressupõem movimento.
No acampamento israelita ela dava a ordem de
partidas e chegadas. Nem sempre todos queriam partir. Imagine situações como um
parto, uma convalescência, uma festa prestes a acontecer com data marcada,
cansaço, peso dos anos.
Mas
andar é preciso.
Mais
uma etapa, mais um quilometro, um trecho adiante. O alvo era chegar na terra do
leite e do mel. Por isso a vida muda tanto. Parar é como se despedir dela.
Imobilidade anuncia desistências. Deus, porém,
é movimento. Ele e a nuvem são aspectos diferentes da mesma essência.
Importa não dar atenção ao desafio da mudança.
Melhor é agradecer pela nuvem que nos acompanha. Nosso destino não é o deserto,
a terra da promessa está logo à frente.
Caleb
Mattos
sexta-feira, 28 de maio de 2021
VOCÊ ESTÁ CHIPADO!
‘Ele
colocou um senso de eternidade no coração humano’(Eclesiastes 3:11)
O
texto que você leu acima é uma reflexão sobre o tempo. Nele aparecem as
palavras ‘tempo’, ‘momento’ e ‘eternidade’.
Cada
uma destas medidas compõem o mosaico da experiencia humana: nascer e morrer;
plantar e colher; matar e curar; derrubar e construir; chorar e rir;
entristecer-se e dançar; espalhar e ajuntar; abraçar e afastar-se; procurar e
deixar de buscar; guardar e descartar; rasgar e remendar; calar e falar, amar e
odiar, guerra e paz.
O
tempo é aquele decreto fixo determinado pelas horas e anos. Dizemos que o tempo
não espera, ele é veloz e uma vez que passou nada mais resta a fazer.
Quanto
ao momento, o chamamos de oportunidade. São aquelas visitas do instante em que
algo extraordinário acontece e surpreende, trazendo alegria e abrindo o
sorriso, instalando a festa. Nosso desejo é congelar esse visitante da boa nova
para que ela não mais tenha fim.
Sobre
a eternidade, porém, é preciso dizer que ela é a melhor medida e a mais
importante. Porque eternidade é transcendência sobre o tempo e o instante.
Receber a eternidade é ver tudo com os olhos da garantia de que não haverá mais
luto, nem morte, nem pranto e nem dor. Tudo terá passado.
Deus
instalou em nós esse chip da eternidade. Nós a percebemos quando paramos o que
estamos fazendo para ver o por do sol. Aquela visão nos desliga de tudo e é
como se fossemos levados ao céu, experimentando algo que vai além das repetidas
preocupações diárias e das palavras de definição.
Eternidade é a aquisição da consciência de que
não fomos feitos para o limite, de que este mundo é pequeno diante daquele que
é a nossa origem.
Não
achei até hoje metáfora mais adequada do céu do que o útero materno. Um espaço
de calor, segurança, providencia e acolhimento. A presença de Deus é como útero.
Aproveitar
bem o tempo é fundamental.
Celebrar
as oportunidades com alegria é não perder a mágica do inédito.
Mas
viver a eternidade é encontrar em meio ao torvelinho aquele que acalma os ventos,
que abre os olhos. Visão da beleza, plenitude da paz.
Caleb Mattos
quinta-feira, 27 de maio de 2021
Comida no prato e sorriso no rosto.
‘Ana
começou a se alimentar novamente, e seu rosto já não estava triste’ (1 Samuel
1:18)
Ir
ao templo pode ser feito com o coração alegre: ‘Entrai por suas portas com ações
de graças’(Salmos 100).Ou pode ser pesaroso quando a alma está abalada.
Ana
vai ao templo, mas é provocada todas as vezes porque Penina zomba dela. Bebês
eram levados ao templo. Os de Penina estavam sempre a seu lado. Ana, porém, era
estéril.
Voltava
para casa e não comia. Suas lagrimas eram seu alimento. Um único tema ocupava suas
preces: um filho. E na obsessão por ele, menos alegria, menos alimento, mais
tristeza.
A depressão é uma somatória das lagrimas e da falta
de um sentido. Perde-se o apetite porque o sabor da vida fica amargo. Tudo é monotônico,
repetido, o alfabeto se reduz a poucas letras, a conversa gira em torno da falta
e o que existe não é causa de gratidão.
O
marido de Ana tenta lembra-la do seu carinho, o afeto entre eles, o amor dedicado.
Ana é incapaz de celebrar o que tem. Peso da zombaria das mulheres, boatos de
que Deus fechou seu útero, o sacerdote acusando-a de embriaguez.
Na
depressão a culpa acrescenta mais peso ao que já não se suporta. Deus, porém, a
observa, a escuta, prepara o balsamo que se derramará sobre o odor do pranto
acumulado. Eli pronuncia a benção: ‘Vá em paz, que o Deus de Israel lhe conceda
o que você pediu’.
A
mulher de aflições, pela primeira vez em meses de melancolia, diz: ‘obrigada!’
A gratidão é indicativa de que a depressão está arrefecendo. Ana substitui o
silencio pela fala. As lagrimas pelo riso. O prato vazio pelo prato cheio. A
libido retorna. Ana engravida. Nasce Samuel.
Tristeza
que se vive sozinho é como labirinto. Melancolia vertida em oração é semente
que se planta para o novo dia. Como havia prometido, Ana devolve o filho após desmama-lo.
Ele
será o conselheiro de muitos reis de Israel e um sacerdote abençoado. Ela o
devolve e em seu gesto fica a lição: depressão pode ser revertida quando transformamos
uma obsessão em oferta. Doamos aquilo que julgávamos imprescindível á vida. E
vivemos satisfeitos porque não somos mais dependentes de nada.
Caleb
Mattos
terça-feira, 25 de maio de 2021
NÃO SE TRATA DE QUEM É VOCE
NÃO SE TRATA DE QUEM É VOCE.
‘Moises disse a Deus:
‘Quem sou eu para me apresentar ao faraó?’ Deus respondeu: ‘Eu estarei com você’.
‘Eu sou o que sou’ (Êxodo 3:11,14)
Uma
pergunta formulada a respeito da existência.
Quem somos?
O
que nos define? Somos uma construção inacabada, uma obra incompleta?
Somos
a somatória de valores e culturas?
Somos
o que escolhemos?
Somos
fruto do meio?
Somos
reputação?
Somos o que se vê ou aquilo que Deus escreveu
no seu livro quando ainda no útero já determinara cada um de nossos dias?
Os
dez espias amedrontados expressam: ‘somos gafanhotos diante dos gigantes’. Os
dois espias retrucam: ‘Não! Eles são o pão que nós vamos devorar!’
Egito. Dura servidão. Trabalho incessante e exaustivo
em beneficio da gloria evanescente.
O
soberano que subiu ao topo da pirâmide em breve sucumbiria nas profundezas do
mar.
Moises,
tirado das águas, por elas levaria o povo a pé enxuto até as areias que anunciavam
o tempo de leite e mel.
Mas,
ele diz: ‘Quem sou eu?’
Repetidos
momentos ele tenta escapar. Diz que não sabe falar, se atrapalha com as
palavras. Pede que outro vá no seu lugar.
O
eco da insegurança ressoa: ‘Quem sou eu?’
Para
essa questão só existe uma resposta: ‘Eu sou o que sou’.
Não
se trata de Moises, mas de Deus.
Não
são nossos limites, e sim o revestimento do alto.
Não
é como eu falo, é quem fala em mim.
Não
diz respeito à fraqueza inerente, mas ao poder que tudo opera.
Nas
horas em que é grande o desejo de Jonas, onde o navio da fuga está prestes a zarpar,
pare por um momento.
Cale
a voz que treme como o frio que sopra forte em campo aberto.
Esqueça o ‘quem sou eu?’
Abrace
a compreensão espiritual que Paulo teve: ‘Pela graça de Deus eu sou o que sou’.
A graça lembra que não sou eu, mas é Cristo que vive em mim’.
Caleb
Mattos
segunda-feira, 24 de maio de 2021
Você não é Atlas!
‘Os
servidores do templo consertaram o muro até a Porta das Águas. Mais adiante, os
habitantes de Tecoa consertaram outro trecho, desde a torre alta até o muro de
Ofel’ (Neemias 3:26-27).
A
reconstrução dos muros e da cidade de Jerusalém.
Época
de Neemias e Esdras.
Autorizados
pelo rei da Pérsia, estando antes em grande aflição por saber noticias da sua
terra arrasada, queimada, desfigurada da beleza e furtada de suas memorias.
Ao
chegarem conseguem adesão do povo e todos iniciam a obra, extensa e difícil, só
possível se cada um juntasse forças a outro. O texto vai discorrendo na temática
da elevação do muro. Cada grupo edifica uma parte dele.
O
trecho seguinte é sempre retomado por outra família, outra equipe. Corrida de
revezamento. Bastão passado de mão em mão até que tudo se conclua.
Não
faltam dificuldades. Inimigos atacam, boatos correm, palavras dirigidas á
tentativa de criar a pausa, a desistência, a interrupção. Neemias clama: ‘Senhor,
fortalece as minhas mãos’.
Palavras
cabem, mas no momento adequado. Necessárias, mas nunca como substitutas da
ação. Não se pede argumentos para refutar acusações. Que as mãos perseverem de
trecho em trecho até que tudo se cumpra.
Grandes
projetos não se fazem sozinhos. Andorinha só não faz verão.
Afoitos, acreditamos que nossa responsabilidade
é ser Atlas. Suportamos o peso do mundo e esquecemos que a terra gira por si
mesma.
Um
dia Moises, atendendo multidões de manhã á noite, ouviu do sogro a proposta: ‘Escolhe
homens capazes que lhe ajudem nesta imensa tarefa, sozinho não suportarás’.
Em
52 dias, o muro que cercava a cidade toda, ficou pronto. Tempo recorde. Tão espantoso
que as nações vizinhas ficaram assustadas e sentiram-se humilhadas porque
perceberam que a obra havia sido realizada com a ajuda de Deus.
Não
tente fazer tudo sozinho. Não se imagine salvador de pessoas e situações. Você
faz uma parte do muro. A outra parte cabe ao próximo. A diferença em tudo é que
Deus edifica junto. O Mestre de Obras coopera com aqueles que seguem seu
projeto.
Caleb
Mattos
segunda-feira, 26 de abril de 2021
VIVA AGORA O QUE VOCE ESPERA UM DIA.
‘Não
olhamos para aquilo que agora podemos ver; em vez disso, fixamos o olhar
naquilo que não se pode ver’(2 Coríntios 4:18).
Existem
coisas que duram e existem coisas que acabam.
O
permanente tem a característica de não ser afetado por variáveis. O finito,
como o nome diz, tem prazo de validade. Em muitas ocasiões celebramos,
agarramos o que nos foi dado, mantemos sempre por perto, associamos felicidade
àquilo que causou um senso de pertencimento.
Se
ocorrem perdas dizemos que a felicidade foi embora, como se aquilo que era
impermanente tivesse o poder de garantia de um estado absoluto de bem estar.
Confundimos a fonte da paz e da alegria com aquilo que é neutro em si mesmo.
Um
carro é um amontoado de peças bem ajustadas, mas o símbolo que ele carrega nos
faz acreditar que esse objeto é o causador do nosso contentamento. Assim é com
todas as demais coisas.
Nosso
olhar se detém com muita frequência no que é passageiro e faz disso a razão dos
nossos dias. Alguns, diante da inevitável retirada destas coisas não suportam e
sucumbem. Desistem. Ou de algo ou até de tudo.
Outros
parecem já ter aprendido a construir um patrimônio imaterial dentro de si
chamado fé. O primeiro grupo olha somente o exterior. O segundo, embora
considere o exterior, tem ciência de que o interior é o que resiste diante do
sumiço do primeiro.
O
apóstolo Paulo declara enfaticamente: ‘Nunca desistimos’.
E
no texto ele estabelece alguns antônimos interessantes: exterior versus
interior, morrer versus renovar, aflições versus gloria, o que é momentâneo
versus o que dura para sempre, o que se vê versus o que não se pode ver.
Onde
está situado nosso olhar nestes tempos? No que dedicamos mais atenção?
Quanto
mais a ênfase se coloca no exterior maiores são as chances de desanimo,
abatimento e a possibilidade da desistência. Quanto mais amamos o que é
interior, no mundo da fé, maiores são as garantias de sobrevivência a tudo que
acontece.
Carl
Jung dizia: ‘Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta’.
De
fato, quantos sonhos imaginativos construímos com aquelas realidades ‘que
enchem os olhos’, envolvendo emoção em tom elevado, desejo crescente e ansiedade
por apropriação. Como a criança que tem diante dos olhos o presente embrulhado,
dá gritos e pula, não se aguentando de vontade de pôr a mão na dádiva, assim
somos nós. Ansiedade, inquietação, experiencia natural de quem está vivo.
Por
outro lado, quando olhamos para dentro despertamos. Adquirimos senso de
racionalidade e sabemos esperar. Não somos afoitos e nem tomados pelo
desespero. O coração se mantem em estado de gratidão pelo que sabe ser seu, e
se algo a mais vier, será lucro. As coisas da fé são eternas.
Em
comparação, o transitório é roubado, pega ferrugem e a traça come, mas o eterno
dura mesmo depois que a vida aqui diz adeus.
Na
eternidade, tudo que deixava a gente com os cabelos em pé (ou que os fez
caírem), tudo que tirou o sono da noite, tudo que irritou e esgotou a
paciência, será apagado do registro da memória.
Não
haverá choro, nem luto, nem pranto, nem dor. Dirão: ‘ah, mas isso é só para
depois da morte’.
Não.
Quem
vive hoje aquilo que um dia será seu, faz de seu hoje o céu de amanhã.
Caleb
Mattos
UM NOVO TEMPO
No relato da Criação em Genesis existe um detalhe curioso. A narrativa diz que ‘a terra era sem forma e vazia, a escuridão cobria as águas profundas’.
Se o texto parasse aqui daria a entender que
antes do ‘fiat lux’ tudo era somente caos, somente escuridão, apenas trevas. Só
que o texto continua dizendo ‘... e o Espirito de Deus se movia sobre a
superfície das águas’ (Genesis 1:2).
A
referência ao Espirito Santo em meio ao caos é valiosa. Implica dizer que o
caos nunca é somente caos. Nele também habita movimento causado pelo Espirito
de Deus. E em apenas um verso podemos verificar o principio da ordem em meio a
qualquer tragedia.
Porque
antes mesmo do primeiro dia da criação, portanto, antes da existência do
cosmos, antes da existência dos planetas, antes das estrelas, antes do sol e da
lua, antes das florestas e vegetação, antes dos oceanos e seres marinhos, antes
do homem e da mulher, antes do pecado, antes da serpente, havia um caos. Mas um
caos habitado pelo Espirito de Deus.
Para
além daquilo que nos amedronta e remove incertezas estabelecidas temos a
garantia de não estarmos sós a lidar com a história. O Espirito não apenas se
manifesta presente, mas ele se movimenta.
É o seu mover que predomina sobre a escuridão
do não saber, a ignorância quanto ao próximo minuto, a falta de clareza sobre o
que decidir, para onde ir, o que fazer.
Jesus, ao se despedir de seus seguidores,
garantiu a eles: ‘Não vos deixarei órfãos, eu voltarei’. Enquanto isso ele
enviou o Consolador. Aquele que
permanece ao lado. O mesmo Espirito que está em Genesis.
Hoje
a pandemia é o caos do momento. Mas, por favor, nunca esqueça. O Espirito de
Deus está se movendo. Há de surgir a luz, e com ela, um novo tempo, num novo
mundo.
Caleb
Mattos
QUANDO PASSAR A CARAVANA
‘Quando José chegou, os irmãos lhe arrancaram a linda túnica que ele usava, o agarraram e o jogaram numa cisterna vazia’ (Genesis 37:23)
José
experimenta um processo disruptivo.
O preferido do pai, na segurança do lar, se
acha no campo na companhia daqueles que tem ressentimento na alma. Perde a
túnica vistosa e valiosa e permanece apenas com o básico a cobrir a nudez.
Perde
a cama macia e ganha o poço seco. Os sonhos que lhe vem com abundancia são
interrompidos pela palavra acusatória.
José chegou ali. Junto aos instintos e afetos
nocivos de seus irmãos.
O abraço do pai é coisa do passado. O seu
presente é o empurrão para dentro da vala funda.
Aquilo
que rompe os padrões o atinge e de um instante firmado na estabilidade ele
passa á agonia das horas que se arrastam.
Passa
a caravana. Ismaelitas a caminho do Egito. Negociantes. Dinheiro á vista.
José
é vendido e desaparece atras da ultima duna de areia. Voltam os irmãos ao pai.
Mentira. Dissimulação. Choro fingido.
Estaríamos,
então, nesta vida entregues ao capricho dos sentimentos magoados de outros? Há
que se fechar a boca, reprimir o que se sonha, omitir a essência do ser somente
por medo do que farão com o que representamos?
Será que é verdade mesmo que a inveja alheia é
a foice que espreita nosso descuido?
Acelere
o tempo.
Anos
mais tarde, José governador egípcio. Ninguém compra se ele não vender. Ninguém
vende se ele não comprar.
Na corte de Faraó o garoto do poço é o segundo
na hierarquia. Chegam seus irmãos á terra das pirâmides. Surpresa. Choque.
Vergonha. Culpa. ‘Seremos agora vingados daquele de quem nos vingamos?’
José
traz toda a sua família de origem para morar no Egito, incluindo o pai. Morrem
todos ali unidos e em paz harmônica. A palavra dele: ‘Não tenham medo de mim.
Por acaso sou Deus para castigar vocês? Vocês pretendiam me fazer o mal, mas
Deus planejou tudo para o bem. Não tenham medo. Continuarei a cuidar de vocês e
de seus filhos’.
Sei que é provável que você esteja neste
momento dentro do seu poço. Não entendendo nada. Saiba de uma coisa. Deus
visita poços. A caravana está chegando.
Caleb
Mattos